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Mãos sinalizam LIBRAS
01 abr, 2018

Surdos encontram limitações da sociedade na escola e no mercado de trabalho

Em 2002 foi sancionada a Lei de Libras, Lei n.º 10.436, que veio para reconhecer como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais, no entanto, nesses 15 anos a sociedade continua excluindo o surdo

A sociedade está inserida em uma realidade que exclui o surdo e coloca a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais como uma língua inferior. Mesmo em 2002, quando foi sancionada a Lei de Libras, Lei n.º 10.436, que veio para reconhecer como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais, pouca coisa mudou nesses 15 anos. Podemos perceber isso, por exemplo, no mundo escolar do aluno surdo e depois, no mercado de trabalho.

Na escola, professores e intérpretes não estão capacitados para passar o conhecimento ao aluno surdo. Este aluno passa toda a vida escolar marginalizado, não só na forma de aprender, como de conviver com os colegas, que não são sensibilizados e ensinados a se comunicar em Libras.  Essas dificuldades comprometem o desempenho do aluno surdo no ENEM, quando ingressa na universidade. Com isso, percebe-se desde a Educação Básica até o Ensino Superior, as inúmeras lacunas pedagógicas, que permanecem até a sua formação.

O surdo no mercado de trabalho
Como segundo exemplo de que vivemos em uma sociedade na qual a língua oral é imperativa é quando este aluno – que conseguiu se formar, apesar de todas as dificuldades –, ingressa no mercado de trabalho. A sua luta continuará para ter o seu espaço, respeito e reconhecimento como um sujeito normal com os mesmos anseios e vontade de vencer que os ouvintes.
No mundo do trabalho também existe um estigma que costuma marcar a pessoa com deficiência. Os empresários e os colegas de trabalho geralmente vão enxergar primeiro a deficiência do surdo, para só depois, bem depois se acostumarem com esse convívio e o perceber de fato.

Competência X Deficiência
A cultura brasileira, até mesmo a de países mais desenvolvidos, é limitada por não saber lidar com o profissional surdo, resultando em pensamento e atitudes permeadas pelo preconceito com aquele mito de que a pessoa com “deficiência” (seja ela qual for) é de incapacidade ou que ele é um “coitadinho” que precisa ser incluído. Ao incluir o surdo no mercado de trabalho – na maioria das vezes só porque existe uma lei de cotas – as empresas pensam em estar fazendo a sua parte, mas na verdade não inclui por completo.

Nas empresas, por exemplos, existe uma relação entre competência e deficiência, não percebendo que por traz da deficiência está um ser humano capaz e com qualidades ideias para exercer com dignidade e excelência o seu trabalho, igualmente como o ouvinte, que também possui as suas limitações.

Experiência de surdos no mundo corporativo
Na reportagem “Universitários apresentam TCC em Libras sobre acesso de surdos ao emprego” publicada na Agência Estado, em novembro de 2016, os estudantes surdos Tuane Soares Xavier e Antônio Paulo dos Santos, formandos do curso de Administração da UniCarioca, apresentaram o TCC em Libras, que teve como tema as experiências pessoais vivenciadas no ambiente corporativo. No trabalho, eles constataram a afirmação das autoras Dizeu & Caporali de que a limitação está na sociedade e que esta sociedade não está preparada para receber o indivíduo surdo.

O trabalho dos alunos revela uma ausência de investimentos das empresas nas contratações de intérpretes, que exclui o surdo do mercado de trabalho. Essa ausência ocorre também nas escolas, nas programações culturais e em diversas outras situações que comprovam que a língua oral tem se mostrado imperativa e excludente.

Talentos desperdiçados
A reportagem da Agência Estado destaca ainda, ao relatar o TCC dos alunos da UniCarioca, que a sociedade “ignora o conhecimento dos profissionais surdos desperdiçando talentos que podem contribuir substancialmente para a evolução do negócio”. A aluna surda Tuane, ao falar da inserção do surdo na empresa, relata que “quando esse profissional é focado e ágil no trabalho, o tempo rende bastante e o patrão se sente satisfeito com o trabalho do funcionário surdo”.

Fonte: texto publicado pelo Portal Futuro Eventos

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